Conheça a história da decisão que impediu a publicação do best-seller do autor
Se você gosta de uma boa leitura, com certeza já ouviu falar do nome Rubem Fonseca. O autor, grande símbolo literário brasileiro, já foi vítima de uma das maiores formas de injustiça existentes: a CENSURA! O evento ocorreu durante o regime militar e o alvo foi seu grande best-seller “Feliz Ano Novo”. Quer saber como essa história terminou? Acompanhe aqui o capítulo V da nossa série JULGAMENTOS HISTÓRICOS!
Quem foi Rubem Fonseca?
Este nome é o responsável por grandes histórias publicadas em nosso país, sendo considerado um dos maiores escritores nacionais. Apesar de ter se formado em Direito, Rubem deixou sua marca como um grande contista, romancista, ensaísta e roteirista brasileiro. Não é por nada que ele já ganhou o Prêmio Camões e o Prêmio Jabuti, os dois mais prestigiados na área de literatura e língua portuguesa.
Fonseca ganhou fama ao narrar, pela escrita, o que ficou conhecido como “realismo feroz”. Por esta modalidade literária, o escritor retratava perfeitamente a violência e realidades brutas, priorizando mostrar os conflitos entre classes e o lado “obscuro” da sociedade.
Seus protagonistas não eram heróis. Pelo contrário, Rubem Fonseca fazia questão de dar vida a personagens marginalizados, ultrapassando a ideia de “vilão e mocinho”, tornando seus relatos muito mais próximos da realidade. A crítica social também sempre está presente em seus textos.
Entre as notáveis obras que escreveu, eis o nome de um icônico livro: Feliz Ano Novo. O manuscrito expunha a vida urbana de forma real, mostrando aos seus leitores situações que acontecem na calada da noite e que pouco eram mostradas. O clássico estampa claramente a diferença entre a classe marginalizada e a burguesia. A história é protagonizada por um homem pobre que irá cometer crimes para passar uma virada do ano mais “luxuosa”.
“ […] Vi na televisão que as lojas bacanas estavam vendendo adoidado roupas ricas para as madames vestirem no réveillon. Vi também que as casas de artigos finos para comer e beber tinham vendido todo o estoque. Vou ter que esperar o dia raiar e apanhar cachaça, galinha morta e farofa dos macumbeiros […]”. (Trecho de “Feliz Ano Novo” de Rubem Fonseca).
A intenção é causar desconforto, não deixando de lado as cenas horrendas que acontecem todos os dias e não são retratadas pela maioria dos autores, trazendo à tona a realidade crua da nossa sociedade.
Exatamente por escrever sobre estes assuntos, Rubem Fonseca teve seu livro CENSURADO após um ano de publicação! A situação aconteceu durante o regime militar, em 1975, e a censura foi autorizada pelo então ministro da justiça, Armando Falcão. A justificativa era de que a leitura atentava contra a moral e os bons costumes, impedindo que a obra fosse veiculada.
O autor não desistiu de mostrar para o mundo sua criação. Por diversos anos, “Feliz Ano Novo” não conseguiu ser liberado. Apenas 14 anos depois, a partir de uma ação judicial contra a União Federal, Rubem Fonseca conseguiu uma decisão favorável. Foi reconhecido que a proibição da circulação do livro era ILEGAL.
Mas a história não acaba aí! Além de conseguir mostrar sua obra para o Brasil, Fonseca também adquiriu o direito de receber uma indenização pelos danos patrimoniais e morais sofridos durante o período em que foi censurado.
Infelizmente, diversas expressões artísticas foram reprimidas ao longo de nossa história e Rubem foi apenas um dos autores vítimas da censura.
Gostou de saber sobre este caso? Então, fique atento, pois já trouxemos quatro exemplos de grandes injustiças históricas mundiais. Conheça os litígios de Jesus Cristo, Joana d’Arc, Olga Benário e O.J.Simpson aqui no nosso blog!
Até a próxima, pessoal!