O PRIMEIRO ACIDENTE DE TRABALHO

Conheça a história do acidente de trabalho no mundo

 

Acidente de trabalho é um tema que falamos constantemente aqui em nosso blog. Mas você já imaginou como foi o primeiro acidente de trabalho? Hoje, contaremos essa história!

Vamos primeiro viajar no tempo e ir até 2360 a.C. Longe, né? Mas, no Egito antigo, o jornal “papiro sellerii” continha o seguinte texto:

“Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em missões. O que vejo sempre é o operário em seu trabalho; ele se consome nas goelas de seus fornos. O pedreiro, exposto a todos os ventos, enquanto a doença o espreita, constrói sem agasalho; seus dois braços se gastam no trabalho, seus alimentos vivem misturados com os detritos; ele come a si mesmo, porque só tem como pão os seus dedos. O barbeiro cansa os seus braços para encher o ventre. O tecelão vive encolhido – joelho no estômago – ele não respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio são vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a morrinha de peixe, seus olhos são abatidos de fadiga, suas mãos não param e suas vestes vivem em desalinho”.

Será que podemos dizer que isso seja o primeiro indício do risco ocupacional que existe? Certamente é, pelo menos, a visão sobre o assunto mais antiga já documentada. Algo relacionado só é mencionado após muitos séculos, em 460 a.C, quando Hipócrates faz citações sobre o acidente de trabalho e na era cristã, quando Plínio cita outra vez o problema.

Mas, claro, foram somente citações e análises sobre o assunto. Se formos mais a fundo, e pensarmos em documentos aprofundados, podemos falar de Georgius, um agrícola que publicou um livro sobre relatos de problemas que os agentes de extração mineral sofriam, como a silicose, uma doença pulmonar causada pela sílica. Assim como o famoso Paracelso, que escreveu sobre essas doenças causadas pelo chumbo, mercúrio e, principalmente a sílica.

Mas, até agora, não temos “exatamente” a data do primeiro acidente de trabalho. Com o passar do tempo o tema passa a ser cada vez mais tratado. Vamos dar mais um “pulo” no tempo – 150 anos depois, quando Bernardino Ramazzi escreveu “De Morbis Articum Diatriba”. A partir de então, a repercussão das doenças causadas pelo trabalho começaram a ter maior significado e hoje ele é considerado o “pai da medicina do trabalho”. Nesta obra, ele descreveu uma série de doenças relacionadas a 50 profissões, deixando uma pergunta no ar: “qual é sua ocupação?”. Um alerta aos trabalhadores sobres as doenças das quais que poderiam estarem sendo alvo.

Sem dúvidas um marco para a segurança ocupacional. Porém, o trabalho de Ramazzini foi praticamente ignorado por quase um século. E foi na Inglaterra, com o advento da revolução industrial, por volta dos anos de 1700 a 1800, e a consequente quantidade de pessoas com problemas de saúde, principalmente crianças e mulheres que trabalhavam por horas seguidas – p. ex., as trabalhadoras das máquinas de fiar, que as levava a surdez, doenças pulmonares e acidentes, principalmente nas mãos – que se iniciou intensa pressão popular sobre o parlamento inglês, que criou uma comissão de inquérito e conseguiu aprovar a primeira lei que se conhece de proteção ao trabalhador.

Era a chamada “lei de saúde e moral dos aprendizes”, que estabelecia a jornada de trabalho diária de 12 horas, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano e tornava obrigatório a ventilação delas.

Foi ainda na Inglaterra que um empregador, descontente com as condições de trabalho de seus empregados, procurou o médico Robert Baker, que como conhecedor da obra de Ramazzini, recomendou que o empresário contratasse um médico para sua empresa, que faria visitas diárias e quando constatasse problemas de saúde em seus pequenos trabalhadores (crianças), os afastaria e trataria dos mesmos. Surgiu, então, o primeiro serviço de medicina ocupacional do mundo.

Com isso, cresceu a pressão popular dos trabalhadores, tendo em vista a quantidade de pessoas aleijadas. Os parlamentares ingleses criaram, em 1833, o Factory Act (Lei das Fábricas), a primeira legislação real de proteção ao trabalhador.

Logo a seguir a Alemanha criava a lei operária, fruto de reivindicações dos trabalhadores. Em 1842, na Escócia, o gerente de uma indústria têxtil contratou um médico para fazer exames admissionais nos futuros empregados, exames periódicos dos empregados e orientações sobre problemas de saúde. Com a expansão da revolução industrial, por toda a Europa, a função de médico do trabalho passou de voluntária a obrigatória.

Nos Estados Unidos, os serviços médicos e os problemas de saúde de seus trabalhadores não tiveram atenção especial. Os primeiros serviços médicos de empresa industrial começaram a surgir no início de 1900, a partir do aparecimento da legislação sobre indenizações em casos de acidentes de trabalho. Com isso, diversos resultados foram obtidos, levando os serviços médicos industriais a serem voluntariamente instalados nas fábricas.

No Brasil, como no restante da América Latina, a revolução industrial ocorreu bem mais tarde. Por volta de 1930, passamos pelas mesmas fases, sendo que em 1970, o Brasil era conhecido como o campeão de acidentes do trabalho. Somente em junho de 1972, o governo federal baixou a Portaria 3.237 e integrou o Plano de Valorização do Trabalhador, tornando obrigatória a existência dos serviços médicos, de higiene e segurança em todas as empresas com mais de 100 trabalhadores.

A conscientização e os movimentos mundiais com relação à saúde do trabalhador interessaram à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à Organização Mundial da Saúde (OMS). Desta forma, em 1950, a Comissão Conjunta OIT-OMS Sobre Saúde Ocupacional estabeleceu de forma ampla os objetivos da saúde dos empregados.

A OIT define o serviço de saúde ocupacional como um serviço médico instalado em um estabelecimento de trabalho, ou em suas proximidades, com os objetivos de:

1-Proteger os trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde que possa decorrer do seu trabalho ou das condições em que este é realizado;

2 –Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido especialmente pela adaptação do serviço aos trabalhadores, e pela colocação destes em atividades profissionais para as quais tenham aptidões;

3- Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

Com toda essa história, hoje o trabalhador pode reivindicar seus direitos à saúde dentro do local em que trabalha. E você, de tudo acima, qual evento considera o primeiro acidente de trabalho?

Por hoje, terminamos por aqui. Esperamos que tenham gostado e que voltem sempre. Caso queiram saber mais sobre seus direitos em caso de acidente de trabalho, temos alguns textos aqui em nosso blog!

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Obrigado pela leitura e até a próxima!

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